A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
foi homologada conforme proposta do Ministério da Educação (MEC) e segmentou a
educação básica em duas bases, sendo uma direcionada a educação infantil e
ensino fundamental e a outra ao ensino médio. Trata-se de uma política de governo
normativa a qual exige que as redes de ensino, no âmbito público ou privado, reconsiderem
suas propostas pedagógicas.
O modelo educacional da BNCC resgata os
princípios voltados para o processo de desenvolvimento humano e econômico,
onde, a reforma do ensino é considerada um mecanismo para fortalecer a
economia, modificar culturas e promover solidariedade. Há em volta da BNCC um
forte discurso do governo e dos setores empresariais na mudança do
conhecimento, da escola, do currículo, da aprendizagem, dos alunos e dos
professores, cuja responsabilidade pelo sucesso ou fracasso educacional pode
ser atribuído sobretudo aos professores. Portanto, é necessário problematizar
os limites das noções de educação, formação e dinâmicas curriculares.
A estrutura da BNCC está fixada nas
Necessidades Básicas de Aprendizagem (NEBA), ou, na verdade, em necessidades
mínimas, e um dos pilares que sustentam sua defesa é um tipo de conhecimento
convertido em conteúdo que pode ser apreendido, medido e avaliado. O
conhecimento prático requerido nas habilidades e competências da BNCC é aquele
marcado pela lógica pragmática, utilitarista e reducionista. Essa concepção
poderá resultar em matrizes e dinâmicas curriculares mais operacionais e
padronizadas, pautadas por uma secundarização das ciências humanas e sociais e
das artes em geral.
Os processos norteadores do currículo na
BNCC retificam uma dimensão peculiar que é a articulação entre regulação e
avaliação, que ganha centralidade ao controlar o ensino, implementação e
acompanhamento, formação de professores, livros didáticos, cursos de formação
de professores e seus currículos e diretrizes, além dos próprios professores e
estudantes.
Contrariando esses pressupostos, é
fundamental reafirmar que os processos de regulação e avaliação precisam ser
redefinidos à luz de uma Política de Estado, com ampla participação,
assegurando o regime de colaboração entre os entes federados e suas autonomias.
Opondo-se à mera transmissão de informações, da preparação para o mercado de
trabalho e adaptação à realidade, a educação precisa compreender o humano como
sujeito capaz de pensar, de dialogar, de interagir, enfim, de construir
conhecimentos
Vale destacar a necessidade de debates
críticos em torno das Políticas Educacionais a fim de que contribuam para a
consolidação de uma nação soberana, democrática, justa, inclusiva, que promovam
a emancipação dos indivíduos e grupos sociais. Essas políticas precisam
reconhecer e valorizar a diversidade. Isso significa a concepção ampla de
conhecimento, formação e currículos a partir da indissociável relação entre
educação e cultura.
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